Psicologo e Psicoterapeuta Goncalo Neves
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"Já fui ao Psicólogo e não serviu para nada!"

7/1/2021

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Infelizmente, esta é uma frase que oiço frequentemente acerca da consulta com psicólogos. Existem outras, que deixarei para outra altura. Vou começar com esta, poque é demasiado importante. Não pela minha defesa pessoal, não pela defesa dos psicólogos, não pela defesa dos clientes, ou dos pacientes, ou até dos utentes. É sim, pela defesa de uma sociedade saudável que só pode funcionar com saúde mental informada e de qualidade e, para isso, precisa de maior proximidade entre a ciência psicológica e as pessoas. Há vários ângulos a explorar e tenho a certeza que não os vou explorar todos, mas vou tentar ser abrangente.
Começamos por aqui: um psicólogo não serve para toda a gente. Antes de ser alguém especializado em teoria e técnica da ciência psicológica, o psicólogo é uma pessoa, com uma personalidade própria, o que significa que vão ocorrer empatias naturais entre psicólogo e quem procura ajuda. É irreal pensarmos que alguém se pode revestir de um qualquer saber e, com esse mesmo saber, ajudar outrem, sem se envolver pessoalmente, sem usar as suas próprias emoções. Em boa verdade, a teoria e a técnica são fundamentais, mas são muito potenciadas ou muito diminuídas, consoante as características pessoais do psicólogo. Isto leva-nos à questão do processo psicoterapêutico pessoal do psicólogo, mais ainda se este se definir como psicoterapeuta. Mas é assunto para aprofundar em outra ocasião. O importante agora é dizer que é absolutamente necessário que o psicólogo se sinta capaz de intervir sobre a problemática apresentada, assim como quem procura ajuda se sinta confortável em trabalhar com aquele psicólogo. Isto não se refere apenas ao início da relação, mas sim, a todos os momentos em que seja necessário reavaliar, psicólogo e cliente, a disponibilidade para continuar o trabalho terapêutico. 
Continuando: o percurso académico e profissional do psicólogo é muito variado. A ciência psicológica é muito vasta, englobando, como qualquer ciência séria, variadas abordagens, tanto ao nível teórico como na intervenção. Assim, será fácil encontrar psicólogos que não se adequem a intervir em determinada problemática, porque o seu percurso formativo e experiência não são os mais adequados. Uma vez que o cliente não tem de ter um conhecimento acerca destas questões, em boa verdade não tem de saber nada sobre o assunto, é esperado que seja o psicólogo a avaliar essa adequação e, no caso de não ser a pessoa indicada, partilhar isso mesmo com o cliente e, de preferência, encaminhá-lo para um técnico adequado.
Um último ponto, será o da relação preço-qualidade. A formação de um psicólogo, tal como a formação de outro técnico de qualquer outra área, é contínua e interminável. Actualmente, em Portugal, para se exercer psicologia é necessário completar um mestrado, com a duração de cinco anos e, no final deste, cumprir um estágio profisional supervisionado com uma duração média de um ano. Findo este percurso, o psicólogo passa a membro efectivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Estamos a falar do mínimo dos mínimos e daquilo a que a lei obriga. Daqui para a frente, já fora do que é imposto, há a necessidade de continuar a fazer formações para explorar novas abordagens, actualizar o conhecimento em áreas que não páram de evoluir e, idealmente, continuar uma prática supervisionada durante mais algum tempo. Tudo isto se adensa, quando falamos de psicoterapia. Neste caso, volta a obrigatoriedade. Para se ser psicoterapeuta em Portugal, como na Europa, é necessário ter formação académica em Psicologia ou Medicina, ainda que, em algumas situações, áreas de formação adjacentes possam ser consideradas. Bom, a questão da formação base de um psicoterapeuta também é um tema muito importante, que irei abordar, mas não agora. Com a formação de base concluída, serão necessários, em média, mais três anos de formação em sociedades científicas especializadas num modelo psicoterapêutico específico. No meu caso foram quatro anos. A par desta formação, são necessárias 150 horas de prática supervisionada com um psicoterapeuta “sénior” e um processo de desenvolvimento pessoal. Existem sociedades que exigem uma psicoterapia pessoal e outras que apenas exigem “sessões de desenvolvimento pessoal” ou o que isso queira dizer. Como referi, explorarei este assunto noutra altura. Tudo isto já é um investimento considerável. Mas ainda podemos acrescentar situações em que, por questões de identificação pessoal com determinadas teorias e métodos, alguns psicólogos, comigo incluído, procuram formação e frequentam congressos fora de Portugal. Fica à vista que, quando se ouve que a psicologia e a psicoterapia são caras, o mais provável é estarmos a falar de um desencontro entre aquilo que alguém procura e a sua capacidade financeira para o suportar. Ligação directa aos cuidados de saúde primários Portugueses para dizer que considero que é da responsabilidade do estado Português providenciar apoio psicológico a todos aqueles que possam beneficiar do mesmo, ou seja, todas as pessoas. Abro assim a porta a mais dois textos futuros: os psicológos nos cuidados de saúde primários e a pergunta “quem pode beneficiar de apoio psicológico?” Para já, apenas exploro o ciclo dourado da intervenção psicológica que não está a receber a devida atenção dos nosso governantes: o Estado Português, por via de um seu Governo, compreenderia a importância da intervenção psicológica, o que leva à contratação de psicólogos em massa, para sustentar os cuidados de saúde primários, o que por sua vez criaria uma cultura mais aceitante e desempoeirada da psicologia em Portugal, o que faria que mais pessoas procurassem esse tipo de intervenção, procurando mais equilíbrio emocional para balancear as suas vidas, que iriam continuar a ser difíceis, mas menos, e os psicólogos, tanto os que tinham encontrado emprego nos cuidados de saúde primários, como aqueles que eram mais procurados na sua prática privada, iriam ganhar mais experiência e ter mais disponibilidade financeira para continuar a sua formação, o que resultaria numa oferta com mais qualidade e consistência.
Com isto quero dizer que, quando o psicólogo não consegue ajudar, não tem necessariamente de ser por incompetência. Mas também não posso garantir.
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